A tragédia de Jonas

Eu, Jonas, fui para Jope
Lá comprei um bilhete e me escondi,
taciturno, no porão dum navio…

E o Santo fez o mar agitado,
a tempestade pungente e o peixe
que me cuspiu na vaga praia salobra…

Eu queria Justiça, queria vingança,
queria ver Nínine queimar por sua<
rebelião contra o Soberano…
– “Por que? Por que, Senhor,
pouparias cidade tão vil e cruel”?

O Espírito fez a voz que
Bradou duma Aboboreira:
– “Jonas, Nínive nasceste e
Nínive te concebeu tua mãe…
És Nínive, homem tolo, Nínive és tu”!

E eu, por fim, fiz o profeta
embasbacado que percebeu estar
em seu próprio julgamento gritado:
– “morte, morte e condenação ao réu!”…

=Dom, #461

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