Dialética

Alguma antítese
era, perdida.
Trazia na pele
A cor da noite
E nos olhos o meio dia.

Nunca soubera que,
De quando em vez,
Emprestava-me o corpo
Para ser inspiração.

E inspirava (…)
Tornava-me lições de poesia.

A folha, o livro digital,
Supunham-me poeta.
Mal sabiam que os versos voavam.

Não era poeta,
Eu não criava.
Nas linhas lógicas,
Eu transcrevia.

Era, a antítese,
A fonte de todas
As palavras.

=Dom

Meninas cinzentas

Meninas cinzentas, retinas molhadas.
Trazendo na face o engano febril.
Ébrias estátuas de cores funestas.
Marchando pra morte nos chãos do Brasil.

Nas cores ostentam a sua alegria,
Pintando São Paulo colorem o Rio.
Em negras lamúrias suas almas vazias,
Lançam cantos mudos aos céus do Brasil.

Mudas retinas, cinzentas mulheres.
Funestas estátuas de canto febril.
Meu Deus dos poetas salvai as mulheres.
Meu Deus dos poetas salvai o Brasil.

(…)

Para que nossos filhos tenham o que cantar…

=Dom