Poema triste

Faz tempo que
não moro mais
na minha rua

Nem crianças,
nem velhos.
Nenhuma viv’alma,
nem uminha!

Nunca sei pra onde fui
Nunca sei pra onde vou
Nunca sei pra onde moro

Eu sou o poema mais triste
para compor numa quarta-feira
e quando for quinta
o sol de quarta ainda estará no céu

Faz tempo que
não moro mais
na minha rua
Faz tempo que não
sei onde morar

Sou uma casa
sem portas, janelas
ou trancas que se possa
forçar para que entre a luz

=Dom

Repente na mente

Pandeiro, esperança, viola;

As palmas não forram os pratos,
Crepitam imensa fogueira no ar…

Esperança, viola, pandeiro;
O povo na praça, a praça no povo,
O dia na noite, o sertão no luar;

Pandeiro, viola, esperança;
O gado não morre, a chuva não falta,
O bucho não ronca e o sertão vira mar;

=Dom,
(da Série Cantando o Brasil)

Porto Alegre

O porto encontrei,
O alegre ainda procuro

Uma infusão interminável
De cores, cheiros e sons

Prostitutas com pouco pano
E pouca beleza balançam as bolsas
E exibem as pernas

Negrinhos sem futuro ou esperança
Fumam num canto da praça

E eu, que já visitei o porto
E o rubro estádio internacional

Procuro sob as lajotas
O alegre do qual falava Mario Quintana…

=Dom